domingo, 29 de junho de 2014

Lua de Larvas - Sally Gardner

Admito que comprei o livro Lua de Larvas de Sally Gardner por causa da arte da capa, mas infelizmente me arrependi de não ter me lembrado do velho ditado “não julgue um livro pela capa”.  Esse clichê teria me salvo.  O livro já começa de uma forma bem confusa e pouco atrativa, no entanto persisti e encontrei  uma linguagem simples e uma narrativa bem fluida. Infelizmente são apenas essas as vantagens do livro.
A autora se utiliza da teoria da conspiração que diz que os astronautas americanos na verdade nunca chegaram à lua (e aqui fica a minha opinião de que esse livro é uma leve critica à suposta viagem a lua e o imperialismo dos Estados Unidos). Ela cria uma espécie de distopia com um “país” opressor chamado Terra Mãe que deseja impor seu poderio frente às outras nações.

A história poderia até ser interessante se não fosse mais do mesmo e sem nenhum grande diferencial, tem livros recentes sobre distopias com um enredo muito mais elaborado (jogos vorazes, por exemplo). O livro, no entanto, não é de todo ruim e ajuda a matar o tempo, no entanto se busca nele uma leitura mais interessante, não aconselho.

Sinopse
Standish Treadwell é um jovem disléxico que vê o mundo de maneira diferente da maioria. Graças a essa visão, ele percebe que o mundo lá de fora não tem que ser necessariamente cinzento e opressor. Quando seu melhor amigo, Hector, é de repente levado embora, Standish percebe que cabe a ele, a seu avô e a um pequeno grupo de rebeldes enfrentar e derrotar a opressão permanente das forças da Terra Mãe. Com o pano de fundo de um regime implacável, disposto a tudo para vencer seus rivais na corrida para chegar à Lua. Este impressionante Lua de larvas é o novo livro da premiada autora Sally Gardner.

sábado, 28 de junho de 2014

Arte com Beijos

Não é costume do blog postar coisas não relacionadas a livros e poemas, mas abre-se uma excessão quando se trata de uma arte tão interessante quanto a que irei mostrar agora.
Natalie Irish é uma artista diferente que no lugar de pincéis usa a boca e de tinta usa batom. Já vi pessoas que pintam com sangue e outras coisas estranhas, mas essa me admirou mais por deixar de lado os pincéis (veja ela em ação nesse video) . Ela pinta através de pequenos beijos e já fez retratos de várias figuras famosas de forma bem fidedigna. Quando fala sobre seu trabalho ela diz: "Eu amo o tema geral de pegar uma coisa do di-a-dia e usar de um jeito diferente" (livre tradução).
Aprecie um pouco do trabalho dela:




Pássaros

teve cancer na garganta
perdeu a voz
isso é o de menos
perder a voz é o de menos
pior perder a vida
se pássaros
perder a voz seria perder a vida
e a morte seria o de menos
pássaro canta
nós sobrevivemos.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

O homem que queria ser rei e outras histórias - Rudyard Kipling

Rudyard Kipling: escritor indiano, ganhador de um prêmio Nobel de literatura e típico contador de histórias que poderia entreter tão bem quanto Sherazade em suas mil e uma noites. Contista exemplar que consegue prender o leitor muito bem com as suas histórias mirabolantes que demonstram sua criatividade latente, nos presenteando com histórias com elefantes, tigres e povos diferentes. São textos tão bem escritos que podem facilmente serem lidos pra crianças (com as devidas alterações é claro). Os textos podem tanto ser lidos para os pequenos que tem histórias de Kipling que já foram apresentadas ao mundo infantil, como Mowgli o menino lobo que ganhou sua versão da Disney. Eu quando criança, por exemplo, com certeza adoraria um filme sobre o conto “Meu senhor, o elefante”, assim como sobre o “Wee Willie Winkie” e suas aventuras, me divertiria tanto quanto me diverti lendo o livro. Para quem gosta de contos eu recomendo.

Se – Rudyard Kipling

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar --sem que a isso só te atires,
De sonhar --sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais --tu serás um homem, ó meu filho!


quarta-feira, 25 de junho de 2014

Branco

não há rosas na minha janela quando permaneço deitada, há apenas o velho muro branco desbotado pelas lágrimas de chuva que vez outra resolvem cair, pra molhar o meu
velho porta retrato, e o chão gelado do meu quarto pela manha.
não vejo mais as rosas que um dia eu plantei no meu jardim junto com tantas outras memórias enterradas embalsamadas em papel higiênico barato.
meu jardim virou teias desprezadas de uma aranha enfadada que um dia a gerou com a esperança de criar seus filhos e por a comida na mesa no fim de cada novo dia
falido da sociedade dos homens e dos insetos.
para em uma bela manha, as mesmas gotas de chuva que tiraram o branco do meu muro, destruam a vida que ela teve e molhe o porta retrato dela na singela foto de
 corpo inteiro sua com seus milhões de filhinhos.
ou, que por uma infelicidade qualquer, eu mesma, esquecida do seu trabalho, passe com a mão pela sua casa para que possa voltar a ver minhas rosas.
mas deitada no meu chão gelado e molhado pela mesma chuva da manhã só vejo o meu muro desbotado que me impede até de ver um risco de céu.
branco.
branco.
branco.
minha visão de todos os dias não tem mais cor, porque não me levanto para ver as rosas, prefiro o monocromático dominante do que erguer meu corpo fatigado
pra ver um ou dois botões vermelhos brotando de uma terra insossa alimentados pelo carbono dos meus cadáveres.